Realizado no Clube de Engenharia no Rio de Janeiro nos dias 2 e 3 de junho, o evento debateu, em seis painéis, os desafios e as oportunidades para um projeto nacional de Estado.
“Este Fórum é uma virada política, caminho aberto para a primeira Conferência Nacional de Engenharia e a contribuição para um Projeto Nacional de Desenvolvimento”, disse Allen Habert, coordenador do evento que reuniu 1.200 inscritos em modo presencial e virtual, e mais de 3 mil visualizações em diversos canais que transmitiram o evento online.
Promovido com o apoio de mais de uma centena de entidades e instituições de engenharia, o Fórum Nacional de Engenharia nasce de um manifesto que proclama ser “inadiável retomar o investimento produtivo e o protagonismo da engenharia brasileira. Sua transversalidade em todas as áreas do processo produtivo e das políticas públicas, bem como sua capacidade de materializar o conhecimento da ciência e pesquisa, por meio da inovação, são decisivas para a melhoria da qualidade de vida das pessoas, das cidades, do ambiente natural e construído, do progresso humano e social, do nosso desenvolvimento soberano”.
A abertura contou com a presença e palavras de várias autoridades, como o Ministro de Estado da Secretária-Geral da Presidência da República, e responsável pelas conferências nacionais, Marcio Macedo (por vídeo), dos deputados federais Rogério Correia (PT-MG), Jandira Feghali (PCdoB-RJ), Arnaldo Jardim (Cidadania/SP, por vídeo), e, Orlando Silva (PcdoB/SP, por vídeo), José Dirceu (ex-ministro, por vídeo), Ricardo Galvão, Presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Inês Magalhães (Vice-presidente da Caixa Econômica Federal, por vídeo), Elias Ramos, Presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), Dácio Matheus, Reitor da Universidade Federal do ABC (UFABC), Jefferson de Oliveira Gomes, Diretor da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Vinícius Marchese (Presidente do CONFEA, por vídeo), José Alberto Naves Cocota Junior, Diretor da Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Cládice Diniz, representando a presidente da Associação Brasileira de Engenheiras e Arquitetas (ABEA Nacional), Roberto Freire, Presidente da Federação Intersindical de Sindicatos de Engenheiros (FISENGE), Antônio Carlos Soares Pereira (Diretor da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), Miguel Fernandez, Presidente do CREA – RJ, Joel Krüger, Presidente da MÚTUA Nacional, Paulo Massoca, Presidente da Engenharia pela Democracia (EngD), Russel Rudolf Ludwig, Presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (SINAENCO), José Eduardo Jardim, Presidente do Instituto de Engenharia, Clóvis Nascimento, Presidente do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio de Janeiro (SENGE RJ), Sydnei Meneses, Presidente do CAU – RJ, Nely Palermo, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Geologia / UERJ, Diego Roiphe Castro de Melo, Presidente do Grêmio Politécnico da USP, Poliana Krüger, Presidente da Federação de Associações de Mulheres da Engenharia, Agronomia e Geociências (FAMEAG), e Ricardo Latgé, da Federação Brasileira de Geólogos – FEBRAGEO.
“Não há desenvolvimento sem engenharia, e sem engenharia não há desenvolvimento”. Com este lema na abertura do Fórum, o presidente do Clube de Engenharia, Francis Bogossian, recebeu autoridades, palestrantes e a plateia que lotou o auditório da entidade.
Habert frisou que “é um momento histórico onde se unem lideranças profissionais, acadêmicas, pesquisadores, empresários que atuam e interagem nos campos da engenharia, arquitetura, agronomia, geociências e áreas relacionadas, unidos em esforços e propostas de soluções positivas com vistas às necessidades e melhoria da qualidade de vida da população brasileira. Num mundo conturbado com guerras e conflitos é decisivo conquistarmos uma Nação mais justa e forte tendo a engenharia como protagonista do desenvolvimento”.
O Deputado Federal Rogério Correia (PT/MG), presidente da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara Federal, é também presidente da Frente Parlamentar de Defesa dos Conselhos Profissionais, entidades que vem sendo atacadas recentemente. Ele contou que “esta Frente foi fundamental para manter acesa a chama dos conselhos, e a defesa da regulamentação profissional que também tem sido questionada”. A Comissão da Câmara Federal que Correia preside, é por onde passam projetos importantes, como o PL1024, cuja relatoria está com ele. Este Projeto de Lei – fortemente combatido pelas entidades que representam a profissão -, propõe facilitar a contratação de estrangeiros, sem reciprocidade, e sugere a alteração de regras para o registro profissional de engenheiros e firmas nos conselhos regionais (CREAs).
Os seis painéis debatidos nos dois dias do evento foram: Bases para o desenvolvimento nacional e soberano; Neoindústria, financiamento, IA, ciência e engenharia na inovação; Infraestrutura, desenvolvimento regional e cidades; Transição climática frente à expansão das fontes energéticas e produção agrícola; Formação profissional, lei 5194/66, geração de empregos e economia solidária; e Mobilização da sociedade e a 1ª Conferência Nacional da Engenharia. O Fórum também garantiu espaço para o Encontro do Jovem Engenheiro e Encontro da Mulher Engenheira. O evento contou com o apoio do CONFEA, CREA-RJ, MUTUA e instituições, como a FINEP.
No encerramento, os participantes debateram e aprovaram a CARTA À NAÇÃO BRASILEIRA, em que define que “Nossa meta é promover a aceleração do desenvolvimento nacional soberano, democrático e inclusivo, unidos em esforços e propostas de soluções positivas e viáveis”. A CARTA aponta para a 1ª Conferência Nacional da Engenharia, “para consolidar junto aos governos, Congresso e, principalmente, à sociedade e ao povo brasileiro, a imperativa necessidade de retomarmos o protagonismo da engenharia nacional na elaboração e implementação das políticas públicas, influenciando a dinâmica social e econômica do Brasil, como condição capital para ombrearmos as demais nações desenvolvidas”.
Ressaltamos a urgência na retomada dos investimentos fundamentais à infraestrutura para superação dos gargalos que impedem a expansão econômica e o bem-estar da população, bem como a urgente modernização dos processos produtivos complexos e inovadores.
O Fórum, de caráter permanente, é uma etapa rumo à 1ª Conferência Nacional da Engenharia em torno de propostas e políticas públicas para desenvolvimento sustentável e a soberania do País com a participação da sociedade civil e o poder público que será realizada ao longo de 2025 e 2026.
LEIA A CARTA À NAÇÃO BRASILEIRA APROVADA POR UNANIMIDADE
O Fórum da Engenharia Nacional reúne os Engenheiros, Arquitetos, Agrônomos, Geólogos, Geógrafos, Meteorologistas e Engenheiros de Computação, entre outros profissionais, suas lideranças, entidades, institutos, universidades e empresas que atuam e interagem em todos os campos da transformação inovadora do conhecimento para o bem-estar da sociedade e geração de riqueza. Nossa meta é promover a aceleração do desenvolvimento nacional soberano, democrático e inclusivo, unidos em esforços e propostas de soluções positivas e viáveis.
No espírito do Fórum como uma construção estratégica que objetiva ser um espaço político e cultural de debates, diálogo e articulação, objetivando o cumprimento de sua missão, promovemos a 1ª Reunião anual Fórum da Engenharia Nacional, no Clube de Engenharia do Brasil, nos dias 2 e 3 de junho de 2025. Como resultado dos trabalhos, nos dirigimos à Nação Brasileira, em continuidade aos Fóruns preparatórios do Nordeste e do Sudeste anteriormente realizados.
Desde já, manifestamos pela pronta realização da 1ª Conferência Nacional da Engenharia, para consolidar junto aos governos, Congresso e, principalmente, à sociedade e ao povo brasileiro, a imperativa necessidade de retomarmos o protagonismo da engenharia nacional na elaboração e implementação das políticas públicas, influenciando a dinâmica social e econômica do Brasil, como condição capital para ombrearmos as demais nações desenvolvidas.
Reafirmamos a compreensão de que “não há desenvolvimento sem Engenharia e nem Engenharia sem desenvolvimento”.
Portanto, o desenvolvimento almejado pela cidadania brasileira exige recursos e investimentos previamente planejados, em rotas tecnológicas associadas às missões já elaboradas no âmbito governamental.
Nesses investimentos deve-se dar prioridade aos segmentos de infraestrutura para a Ciência (pesquisa, pós-graduação e laboratórios), inovação e, no mesmo nível que acertadamente, se reconhece, Educação, Saúde e Segurança. Prioridade cuja disponibilidade orçamentária para o alcance do modelo de desenvolvimento
econômico e social pretendido exige o fim da política de juros altos e privilégios direcionados aos capitais especulativos e ao rentismo.
Considerando que a Engenharia atua como impulsionadora dos processos capazes de melhorar a qualidade de vida dos cidadãos, das cidades e do ambiente natural e construído, além de contribuir para o progresso do Brasil, o Fórum da Engenharia Nacional oferece recursos e acervos para a imediata ampliação e otimização da infraestrutura produtiva do país.
Ressaltamos a urgência na retomada dos investimentos fundamentais à infraestrutura para superação dos gargalos que impedem a expansão econômica e o bem-estar da população, bem como a urgente modernização dos processos produtivos complexos e inovadores.
A formação e remuneração digna dos profissionais das engenharias, em um cenário de extrema competitividade internacional, é outro tema que necessita de urgentes ações de governo, dado o cenário atual do ensino médio precário nas escolas públicas, antessala das universidades, e o desvio de finalidade do emprego desses profissionais, o que leva ao descrédito da juventude nas carreiras das engenharias.
Precisamos de uma nova regulamentação profissional comprometida com os desafios atuais e futuros de nossas profissões, do desenvolvimento do país e da proteção à sociedade e ao meio ambiente. O PL 1.024/2020 deve ser amplamente discutido com os profissionais, organizações profissionais e sistema CONFEA/CREA e MÚTUA, bem como a sociedade. Sua aprovação parlamentar não pode ser um processo açodado.
Destacamos a necessidade de valorização das empresas brasileiras, protegendo-as de concorrência predatória, privilegiando suas competências técnicas em lugar de preços lesivos à excelência dos resultados.
Objetivando estimular a participação da Engenharia brasileira nos processos de integração econômica e social do país, alertamos para a necessidade de inclusão na formação dos seus profissionais a sensibilidade para o compromisso social no exercício de sua profissão, incluindo as oportunidades econômicas daí advindas
Considerando a Ciência como principal indutora da inovação de base tecnológica, cuja realização se dá, em geral, por meio da Engenharia, exigem-se mecanismos para que as novas gerações sejam incentivadas a com ela se encantarem e com seus resultados para a sociedade.
Por fim, nos termos dos sentimentos que animam e impulsionam a presente jornada, reiteramos que o Fórum da Engenharia Nacional é uma articulação permanente, expressando a disposição e compromisso de todos nós em contribuir para a construção de um Brasil próspero, soberano e de gente bem tratada e feliz.
Nesse sentido, colocamo-nos à disposição em participar e influenciar nos processos decisórios relacionados aos projetos que impactam os destinos da Nação.
Rio de Janeiro, 3 de junho de 2.025
1ª Reunião Anual do Fórum da Engenharia Nacional